Do Livro: Ernesto Guevara, Também Conhecido como Che.

Não posso digitar que esta é mais uma biografia de Guevara, até porque não conheço outras biografias de Guevara além desta escrita por Paco Ignacio Taibo II. Por hora, mi basta o que li nos cerca de sessenta capítulos de Ernesto Guevara, Também Conhecido como Che.

Nota do Autor

ESTE NÃO É UM LIVRO FÁCIL. Sem dúvida, esta história sofre a influência da visão daqueles que chegaram mais tarde, da geração do "eterno depois" e de seus inocentes filhos. Entretanto, temos que tentar lê-lo como uma história "daquela época". Não existe leitura inocente. Hoje sabemos que a segunda onda da revolução latino-americana se estilhaçou e fracassou, que o modelo industrial que Che pretendia funcionou a curto prazo, e a médio prazo foi se desgastando, sem seu estilo e sua vigilância. Os leitores do livro já sabem qual foi o destino final da operação de Che na Bolívia, mas mesmo sabendo tudo isso gostaria que este livro fosse lido como uma história "daquela época", porque somente assim poderá ser entendida. Não é possível contar a história, partindo das consequências em direção às origens, porque a perspectiva fica comprometida. A biografia não é a história de um morto que se explica. Litton Strachey disse, em um momento de enorme lucidez, que "os seres humanos são demasiado importantes para serem tratados como simples sintomas do passado". Os personagens são construídos em atos cujas consequências ainda não conseguem conhecer. A história que me interessa não funciona como uma explicação a partir do destino, e sim como uma provocação que vem do passado, cujos personagens principais nunca tiveram uma bola de cristal que, no seu presente, lhes revelasse o futuro.
É surpreendente, mas é certo: o fantasma de Che, como um viajante de fronteira, sem vistos nem passaporte, está preso no meio de uma ponte de gerações - entre jovens que sabem muito pouco dele, mas que o intuem como o grande comandante e avô vermelho da utopia, e a geração dos anos 1960, que chegou tarde ou fracassou no projeto (aqueles aos quais Paco Urondo dizia, prevendo seu próprio destino: "Es que vamos a perder/La vida de mala manera"), mas que entende que Che continua sendo o arauto de uma revolução latino-americana que, por mais que pareça impossível, continua sendo absolutamente necessária.
É um fantasma que além disso - apesar de seu humor cáustico e de sua enorme timidez - ficou preso na parafernália da imagem e dos sistemas inocentes ou dolosos que se dedicam a esvaziar o conteúdo de tudo aquilo que encontram pela frente e a transformá-lo em camisetas, souvenires, xícaras de café, posteres ou fotografias, destinados ao consumo. E essa é a condenação dos que deixam saudade: ficar presos na estrutura do consumo ou nos redutos da inocência...

depois teclamos.
imagem: listadelivros-doney.blogspot.

8 comentários:

Milene Lima disse...

Hehehe... O "Sozynho" atualizou pra mim. Que beleza!

Che... Mito ou monstro? Tenho um amigo que o ama acima de quaisquer suspeitas. Eu, no mínimo tenho curiosidade sobre a vida do sujeito.

Dica bacaninha.

Beijo!

R. R. Barcellos disse...

Che foi uma espécie de Bolívar dos nossos dias, abrindo caminhos para outros, que nem sempre se mostraram à altura de suas idéias. Sem bandeira, exceto a do socialismo, sem fronteiras, exceto as de sua excepcional inteligência, sem pátria que não fosse o mundo, marcou indelevelmente seu nome na História.

PS: Seus "feeds" agora estão atualizando aqui. Abraços.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Olá!

Quando se ler, inevitavelmente se viaja até onde toda a história se passa, e por mais que esteja num século passado, os olhos é de um homem do presente, que vê a partir de suas crenças e de seus sonhos. Ler sobre Che vai muito do que acreditamos, porém eu acredito na luta por um mundo melhor.

bjs

Regina Rozenbaum disse...

Tô com Milene! Yessssssss! Que cê fez? Não importa...que siga do jeitim que gosto desde sempre, meu mininu amaaado! Viu o filme? Tive oportunidade de estar em Cuba e para o povo é assim: alguns o amam, outros nem tanto!rsrsrs
Beijuuss n.a.
Regina R.

Regina Rozenbaum disse...

Não sei se me fiz entender: seu blog se atualizou lá no divã!

Jhosy Ane A.S. de Gusmão disse...

Rike,
gostei tanto que inclui na minha lista de livros e vou procurar com urgência pra ler.

Ótimo post muito interessante !
Parabéns,
Jhosy

http://meninamsicaeflor.blogspot.com.br/

Sérgio Santos disse...

Gostei da dica, Rike. Me despertou curiosidade. abração.

Eduardo Montanari disse...

Eu estou com uma lista de livros bons que pretendo ler, assim que minha vontade voltar, agora por culpa sua fiquei interessadíssimo nesse e coloquei na minha lista!

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