Nesse ano de dois mil e doze, se ainda estivesse vivo, Nelson Rodrigues completaria cem anos de vida - mais precisamente em agosto vinte e três. Dada a importância rodriguiana para literatura, cultura, machismo, feminismo, política, religião e futebol brasileiros, as inúmeras (e merecidas) comemorações começaram já em janeiro e prometem não parar por aí.
Minha intenção nesse post era colocar dez frases do eterno
Anjo Pornográfico, mas não consegui, confesso, e acho que fui um pouco mais além.
- O Amor não deixa sobreviventes
- Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos
- O óbivio também é filho de Deus
- Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro
- A europa é uma burrice aparelhada de museus
- Não vou para o inferno, mas não tenho asas
- Sou um suburbano. Acho que a vida é mais profunda depois da praça Seanz Peña. O único lugar onde ainda há o suicídio por amor, onde ainda se mata e se morre por amor, é na Zona Norte
- O grande acontecimento do século foi a ascenção espantosa e fulminante do idiota
- Não gosto da minha voz. Eu a tenho sob protesto. Há, entre mim e a minha voz, uma incompatibilidade irreversível
- Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o aviltamento pessoal e coletivo
- Não admito sensura nem de Jesus Cristo
- Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral
- O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro
- Amar é ser fiel a quem nos trai
- Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância
- Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora
- O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, Natal é orçamento
- Jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: - o da imaturidade
- A família é o inferno de todos nós
- Há homens que, por dinheiro, são capazes até de uma boa ação
- O pobre, para sobreviver, precisa de pornografia
- O rico e o pobre são duas pessoas. O soldado protege os dois. O operário trabalha pelos três. O cidadão paga pelos quatro. O vagabundo come pelos cinco. O advogado rouba os seis. O juiz condena os sete. O médico mata os oito. O coveiro enterra os nove. O diabo leva os dez. E a mulher engana os onze.
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Imagem: Xicosa.folha.blog.